segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O NÚCLEO DE LINDA-A-VELHA

Amanheceu o domingo com um tom pardacento que anunciava chuva a qualquer momento. O vento soprava com alguma força, demonstrando que os vários “alertas amarelos” emitidos para outras tantas zonas do País não tinham sido em vão. Saí o portão da garagem com a desconfiança de que iria ser mais uma “volta” molhada.
Dirigi-me para Algés, meting point há muito predefinido para a maior parte dos raids semanais no Mine Bike Team. Enquanto descia do Alto de Stª. Catarina, avistava o mar encrespado da entrada da barra, com um tom algo indefinido, que se fundia com o céu, qual aguarela “esponjada” em tons de cinza.
Chegado ao Martinez, esse conhecido café da baixa de Algés, que penso ser famoso mais pelas vezes que é alagado no inverno (por se encontrar em leito de cheia), que propriamente pelos seus petiscos, que são em tudo semelhantes aos dos muitos estabelecimentos do género que por aí existem, constatei ser o primeiro a chegar. Mas rapidamente chegou o Manços, na sua bicla camuflada por uma bela película de lama seca do passeio anterior, que agora só com espátula é que a retira…
Logo fui informado que só o núcleo de Linda-a-Velha é que compareceu à chamada, e mesmo assim com a falha de um elemento que tem sérios problemas em sair da cama de manhã cedo.
Lá partimos, e como não existia predefinição para o percurso optámos pelo inesgotável Monsanto, onde conseguimos efectuar percursos diferentes todas as vezes que o abordamos. Desta feita rumámos até aos altos estudos militares, onde contornámos a academia e subimos até ao Restelo pelo bairro supostamente de classe baixa do Restelo (se é que isso existe), onde admirámos a arquitectura extremamente urbana e humanizada da rua das lojas e cafés por onde começámos a trepar até às torres do Restelo.
Aqui fizemos a complicada subida de brutal declive que nos leva até ao mercado do peixe e que o Manços disse (na última vez que por ali andámos) que eu evitava. Pois foi ponto de honra fazê-la (a subida bem entendido) e mostrar que a última vez tinha sido para desfrutar de outras alternativas ao trajecto.
Depois de discutida a hipótese de ficar no Mercado do Peixe para o almoço, seguimos caminho após constatar a “fina espessura das nossas carteiras”, passando junto á residência oficial do presidente da C.M. Lisboa, e atacando em seguida a Avenida Keill do Amaral, espaço pedonal e para velocípedes que liga com o Parque do Alvito, onde descobrimos existir um equipamento para lavagem de bicicletas tipo o Elefante Azul, mas com capacidade para um corcel de cada vez. O Manços ainda pensou parar, mas…como estava a ser utilizado, lá seguiu no meu encalço, rumo às rotundas que ladeiam a ponte sobre a A5, onde se daria o caso do dia.
Sabemos que existem muitos condutores que não sabem circular em estradas com ciclistas, mas efectivamente nunca estamos preparados para as reacções que têm. Ora estávamos a entrar na rotunda vindos do lado do Alvito, o que implica uma curva á direita que demos despreocupados, quando ouvimos um carro buzinar com alguma violência, e que no instante seguinte estava ao lado do Manços – o visado pela sua ira por estar a circular mais ao meio da faixa de rodagem – atirando-lhe o carro para cima para o entalar na berma! Esta demonstração de virilidade primária, que não sabemos se foi provocada pela mera ausência de massa cinzenta, ó porque queria impressionar a namorada que levava ao lado, despertou a solidariedade de mais três ciclistas que circulavam em sentido contrário, que o brindaram com alguns berros, assim como o meu mau feitio, pois parti atrás dele (assim como o Manços depois de readquirir espaço de manobra) a mandá-lo parar para lhe ensinar boas maneiras, eventualmente como se faz aos meninos mal comportados com umas “nalgadas” no “rabiosque”!
Enfadados com a não aplicação do “correctivo”, por mais uma vez o “caramelo” ser muito forte protegido pela sua carripana e empunhando o volante (não é o do Seabra com 56cm), mas largá-la para esgrimir argumentos é que era bom, lá decidimos descer a rua do restaurante panorâmico, em velocidade mais ó menos vertiginosa condicionada pelo tapete de caruma húmida, que transformava o piso em “mantequilha”, para contornar o parque da Serafina, e desafiar a subida até à penitenciária, o que se veio a revelar tarefa fácil muito embora cansativa – o raio da subida é grande como ó…enfim faz-se e ponto final. Depois rumámos até a um miradouro que existe do outro lado da descida para Pina Manique, onde apreciámos um SALTO para um trilho, que segundo o Manços é muito documentado no Youtube. Após hesitarmos descer um trilho sinuoso, estreito e barrento (acho que condicionados pela experiência da semana anterior no Trancão), transpusemos a diferença de cota entre o trilho principal e o mirador por escadas com a bicla pela mão e a pensar que o João Alves a faria montado e eventualmente de suspensão trancada…!
Este trilho foi a descoberta do dia, muito interessante, paralelo ao bairro da Boavista, mas situado a meia encosta, levou-nos a cruzar novamente a descida para Pina Manique, e rumar direitos ao clube de tiro, mas fomos parar a um portão fechado, que nos obrigou a voltar para trás e arrepiar caminho por um trilho estreito que tínhamos visto alguns metros atrás. Aqui foi lamaçal até dizer chega, em descidas complicadas com raízes de árvores e pedregulhos de dimensão considerável, tendo depois aterrado no trilho que nos levaria de volta ao parque de merendas de Pina Manique.
Contornámos a Embaixada do México e, Epa! Epa! Arriba! Andalhe! Lá fomos para a ciclo via mais poluída da Europa, que baptizámos na hora de Ciclo Via CO2, e percorremos em ritmo muito elevado mesmo tendo que contornar alguns separadores de betão que a invadiram após tentativa de alguém querer entrar com o carro na ciclo via.
Chegados ao Bairro da Liberdade (não sei para quem!), e porque tínhamos combinado visitar o Seabra na Memória (também não sei de quem!), que se encontrava estoicamente agarrado ao computador a burilar mais um projecto para ser entregue “ontem”, e deva-se dizer “roidinho” por ter saído de casa às oito da matina com o portátil por parceiro, em vez da sua fiel Rockrider para nos acompanhar no giro, e assim honrarmos o patrocínio.
Optámos por nos fazermos à Avenida de Ceuta para lá chegar, que por si só não é problema, o problema foi passar por baixo do Aqueduto das Águas Livres, e transpor o nó de saída para a Ponte e para a A5, operação algo kamikaze. Depois foi a Junqueira, com aqueles pinos amarelos que não deixam espaço para ultrapassar e punha os condutores a “bufar” atrás de nós, ultrapassando-nos com alguma agressividade onde a faixa era mais larga, já para não falar da gincana das tampas de esgoto e grelhas de drenagem pluvial que coexistem a cotas diferenciadas.
Depois foi a subida da Calçada da Ajuda, a terminar com um passo de bailado do Manços, para se equilibrar na bicicleta e não se estatelar no chão; o encontro com o Seabra na Memória, as Mines e o regresso a Linda-a-Velha via Miraflores, onde a subida para o burgo é longa.
Tudo somado foram 673m de subida acumulada e trinta e poucos quilómetros efectuados, como se pode comprovar em:

http://www.gpsies.com/map.do?fileId=dfclkoczejzgeygh

“Pá” semana há mais! Ou não!...

2 comentários:

  1. E pensar que há um ano e pouco este duo fazia "grandes passeios" de Linda-a-Velha a Caxias, onde o grande problema era a subida a Linda-a-Velha.
    Mudam-se os tempos, mudam-se as subidas...

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  2. Estou a ver isto muito parado. estou longe mas atento.

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