Sou acordado pelo tamborilamento de hidro-meteoritos nas persianas do meu quarto. Tento manter-me em estado adormecido mas o constante sibilar do vento lá fora faz-me voltar na tarimba ficando de fronte para o maldito Sony de cabeceira que ditava 5:15. Assolou-me um pensamento, “quando os despertadores dos restantes Mineistas cumprirem a sua função devo ir receber sms a dar conta de algumas desistências”.
Ás 7:30h lá tocou o grilo. Tínhamos combinado às 8:30h junto ao restaurante mexicano na Praia de Algés. Não havia tempo para preguiças e resisti a olhar lá para fora, não fossem maus pensamentos tomarem conta de mim.
Até ao momento não havia noticias de desistências!
Peguei na trouxa, tirei a bicicleta da garagem, uns pingos de gordura na corrente, carreguei no comando do portão e …
Estavam uns 5ºC, chovia bem e com companhia do vento. O Humberto’s Tour prometia!
Cinco minutos antes da hora marcada lá cheguei à paradisíaca Praia de Algés. Como as condições climatéricas estavam rudes, decidi não parar enquanto esperava pelos restantes loucos. Á hora marcada chegaram os “Joões”, Seabra e Santos respectivamente, o Seabra com a notícia que provavelmente seriamos acompanhados por uma novel Cannondale Caffeine propriedade do profissional João Alves, que, segundo o próprio, se juntaria a nós para início de pré-época.
Arrancámos em direcção a Santa Apolónia onde se juntaria a nós o grande Zé… Zé Julio. Ciclovia fora, desta feita sem plebeus pelo meio que o tempo não estava para passeios, seguimos sem percalços até à primeira barreira. Uma máquina de limpeza da CML na zona das esplanadas da doca de Santo Amaro. O Seabra continua, graças ao seu novo volante tipo guiador de cinquenta e poucos centímetros a coleccionar ultrapassagens. Depois do Mercedão em Sintra, agora a viatura de limpeza de ruas da CML.
Antes da chegada ao Cais do Sodré, eis que se junta a nós o aguardado Julio que entretanto tinha iniciado o percurso em sentido inverso até nos encontrar, pois o dia não estava para paragens alargadas.
Próxima paragem Santa Apolónia, para café e contacto com espécimens locais. Aproveitou-se a paragem para a troca de impressões técnicas sobre as máquinas, onde o João Alves pôde, para pânico do Seabra, comprovar a rigidez do quadro da Rockrider 8.2. Aprovado diga-se de passagem.
Ala que se faz tarde e o caminho faz-se para oriente.
Na companhia do sexto elemento que não mais nos largaria, o vento, avançámos pela Rua de Cintura do Porto de Lisboa que se encontra em obras. A conjugação destes dois elementos começou a quebrar o pelotão, e as mangueiras rígidas que atravessavam um ponto do percurso quase me quebravam a mim, é que na tentativa de transposição das mesmas a minha roda dianteira passou mas a traseira resvalou nas mangueiras molhadas e o apoio mais próximo foi o chão! Ainda se comentava o sucedido com algumas gargalhadas à mistura quando o João Seabra numa demonstração técnica de como se dominava uma bicicleta em piso molhado transpôs habilmente um carril de comboio na diagonal indo parar ao amparo de todas as quedas, o chão, com a ajuda do lancil para não ir mais longe. Estavam abertas as hostilidades e os outros elementos roíam-se de inveja de nós.
Já em terrenos da Parque Expo a avaria do dia. Furo na minha RockRider.
Aqui, vai o meu agradecimento especial para o ausente na Índia, Luis Barata.
Como relatado anteriormente com direito a vídeo e tudo, o Luis tinha furado na descida da Prisão de Caxias. Como pessoa previdente que é, não tinha levado câmara-de-ar suplente, tendo eu cedido a minha para ele não ficar apeado, como manda o espírito velocipédico. Ora na próxima oportunidade o Luis fez questão de me dar uma câmara-de-ar por troca pela que eu lhe tinha cedido. Recusei mas ele insistiu e acabei por aceitar. Ora neste domingo foi a minha vez de furar, mas ia prevenido com a câmara-de-ar que o Luis gentilmente me tinha cedido. Feita a substituição o pneu teimava em não encher. Desmontada novamente e análise feita à câmara-de-ar, apresentava um buraco com cerca de 3mm de diâmetro idêntico ao que tinha visto aquando do furo do Luis. Pois!
Luis, espero sinceramente que na tua viagem à Índia não encontres ursos ou lenhadores, para que a tua vida não dê um filme indiano!
De salientar ainda o pneu da Cannondale que tinha uma “mama” que teimava em crescer, mas o Alves não se importava porque “era capaz de aguentar”!
Problemas técnicos resolvidos, sendo desta vez eu o beneficiário de uma câmara emprestada, seguimos rumo à foz do Trancão.
Decididamente o grupo não estava para brincadeiras, e o João Alves fez questão de o provar no seu início de época mandando um tralho monumental quando repentinamente quis mudar de direcção sobre o pavimento de madeira que corre elevado acima da margem do Tejo. Lesão ligeira com dois ligeiros cortes na perna e cabeçada no chão, dando razão à utilização de capacete. Tudo recomposto e siga para Sacavém.
Aqui abandonávamos o “piso bom” para entrar no verdadeiro BTT.
Salvador Caetano para traz e o piso começava a tornar-se encharcado. Por entre bostas de cavalo e poças de água, lá íamos ziguezagueando, não me parecendo que se conseguisse aumentar a velocidade média, objectivo a que nos propúnhamos. Mais à frente o pavimento tornou-se argiloso e como há muitas horas que chovia, tornara-se gelatinoso. O equilíbrio muito difícil. Não havia grande problema, pois o nosso “sólido” pavimento de 0,80m de largura era ladeado por dois taludes de 2 metros de altura. O da direita terminava, com silvas pelo meio, no Rio Trancão, o da esquerda com as mesmas características botânicas, culminava no que eu deduzo ser um canal de rega com água imprópria para consumo. O barro saltava de todo o lado e para todo o lado. O Seabra num assombro de técnica de condução em condições adversas, chegou à conclusão que se baixasse o selim com 15 anos, conseguiria ter um maior controlo da bicicleta. Todos ficámos elucidados e ninguém o contrariou, mas também ninguém seguiu o conselho. Nesse instante este João recebe um telefonema do outro João, o Santos a dizer que o Julio tinha abandonado a montada e feito “rapel” talude abaixo. Entretanto chega o Julio e conta que o Santos estava a tentar escalar o talude mas que a encosta escorregadia lhe dificultava a tarefa. Resumindo, todos nós fomos à lama várias vezes. A partir daqui ficou decidido que o regresso seria pela margem direita, em piso de asfalto.
Ás 7:30h lá tocou o grilo. Tínhamos combinado às 8:30h junto ao restaurante mexicano na Praia de Algés. Não havia tempo para preguiças e resisti a olhar lá para fora, não fossem maus pensamentos tomarem conta de mim.
Até ao momento não havia noticias de desistências!
Peguei na trouxa, tirei a bicicleta da garagem, uns pingos de gordura na corrente, carreguei no comando do portão e …
Estavam uns 5ºC, chovia bem e com companhia do vento. O Humberto’s Tour prometia!
Cinco minutos antes da hora marcada lá cheguei à paradisíaca Praia de Algés. Como as condições climatéricas estavam rudes, decidi não parar enquanto esperava pelos restantes loucos. Á hora marcada chegaram os “Joões”, Seabra e Santos respectivamente, o Seabra com a notícia que provavelmente seriamos acompanhados por uma novel Cannondale Caffeine propriedade do profissional João Alves, que, segundo o próprio, se juntaria a nós para início de pré-época.
Arrancámos em direcção a Santa Apolónia onde se juntaria a nós o grande Zé… Zé Julio. Ciclovia fora, desta feita sem plebeus pelo meio que o tempo não estava para passeios, seguimos sem percalços até à primeira barreira. Uma máquina de limpeza da CML na zona das esplanadas da doca de Santo Amaro. O Seabra continua, graças ao seu novo volante tipo guiador de cinquenta e poucos centímetros a coleccionar ultrapassagens. Depois do Mercedão em Sintra, agora a viatura de limpeza de ruas da CML.
Antes da chegada ao Cais do Sodré, eis que se junta a nós o aguardado Julio que entretanto tinha iniciado o percurso em sentido inverso até nos encontrar, pois o dia não estava para paragens alargadas.
Próxima paragem Santa Apolónia, para café e contacto com espécimens locais. Aproveitou-se a paragem para a troca de impressões técnicas sobre as máquinas, onde o João Alves pôde, para pânico do Seabra, comprovar a rigidez do quadro da Rockrider 8.2. Aprovado diga-se de passagem.
Ala que se faz tarde e o caminho faz-se para oriente.
Na companhia do sexto elemento que não mais nos largaria, o vento, avançámos pela Rua de Cintura do Porto de Lisboa que se encontra em obras. A conjugação destes dois elementos começou a quebrar o pelotão, e as mangueiras rígidas que atravessavam um ponto do percurso quase me quebravam a mim, é que na tentativa de transposição das mesmas a minha roda dianteira passou mas a traseira resvalou nas mangueiras molhadas e o apoio mais próximo foi o chão! Ainda se comentava o sucedido com algumas gargalhadas à mistura quando o João Seabra numa demonstração técnica de como se dominava uma bicicleta em piso molhado transpôs habilmente um carril de comboio na diagonal indo parar ao amparo de todas as quedas, o chão, com a ajuda do lancil para não ir mais longe. Estavam abertas as hostilidades e os outros elementos roíam-se de inveja de nós.
Já em terrenos da Parque Expo a avaria do dia. Furo na minha RockRider.
Aqui, vai o meu agradecimento especial para o ausente na Índia, Luis Barata.
Como relatado anteriormente com direito a vídeo e tudo, o Luis tinha furado na descida da Prisão de Caxias. Como pessoa previdente que é, não tinha levado câmara-de-ar suplente, tendo eu cedido a minha para ele não ficar apeado, como manda o espírito velocipédico. Ora na próxima oportunidade o Luis fez questão de me dar uma câmara-de-ar por troca pela que eu lhe tinha cedido. Recusei mas ele insistiu e acabei por aceitar. Ora neste domingo foi a minha vez de furar, mas ia prevenido com a câmara-de-ar que o Luis gentilmente me tinha cedido. Feita a substituição o pneu teimava em não encher. Desmontada novamente e análise feita à câmara-de-ar, apresentava um buraco com cerca de 3mm de diâmetro idêntico ao que tinha visto aquando do furo do Luis. Pois!
Luis, espero sinceramente que na tua viagem à Índia não encontres ursos ou lenhadores, para que a tua vida não dê um filme indiano!
De salientar ainda o pneu da Cannondale que tinha uma “mama” que teimava em crescer, mas o Alves não se importava porque “era capaz de aguentar”!
Problemas técnicos resolvidos, sendo desta vez eu o beneficiário de uma câmara emprestada, seguimos rumo à foz do Trancão.
Decididamente o grupo não estava para brincadeiras, e o João Alves fez questão de o provar no seu início de época mandando um tralho monumental quando repentinamente quis mudar de direcção sobre o pavimento de madeira que corre elevado acima da margem do Tejo. Lesão ligeira com dois ligeiros cortes na perna e cabeçada no chão, dando razão à utilização de capacete. Tudo recomposto e siga para Sacavém.
Aqui abandonávamos o “piso bom” para entrar no verdadeiro BTT.
Salvador Caetano para traz e o piso começava a tornar-se encharcado. Por entre bostas de cavalo e poças de água, lá íamos ziguezagueando, não me parecendo que se conseguisse aumentar a velocidade média, objectivo a que nos propúnhamos. Mais à frente o pavimento tornou-se argiloso e como há muitas horas que chovia, tornara-se gelatinoso. O equilíbrio muito difícil. Não havia grande problema, pois o nosso “sólido” pavimento de 0,80m de largura era ladeado por dois taludes de 2 metros de altura. O da direita terminava, com silvas pelo meio, no Rio Trancão, o da esquerda com as mesmas características botânicas, culminava no que eu deduzo ser um canal de rega com água imprópria para consumo. O barro saltava de todo o lado e para todo o lado. O Seabra num assombro de técnica de condução em condições adversas, chegou à conclusão que se baixasse o selim com 15 anos, conseguiria ter um maior controlo da bicicleta. Todos ficámos elucidados e ninguém o contrariou, mas também ninguém seguiu o conselho. Nesse instante este João recebe um telefonema do outro João, o Santos a dizer que o Julio tinha abandonado a montada e feito “rapel” talude abaixo. Entretanto chega o Julio e conta que o Santos estava a tentar escalar o talude mas que a encosta escorregadia lhe dificultava a tarefa. Resumindo, todos nós fomos à lama várias vezes. A partir daqui ficou decidido que o regresso seria pela margem direita, em piso de asfalto.
Até Santo Antão do Tojal não houve mais percalços e chegámos ao tão ansiado Humberto, que nos brindou com uma calorosa recepção, com já vem sendo hábito. Mine e bifana para todos que os trinta e tal quilómetros já percorridos já se faziam sentir no estômago.
João Alves e Zé Julio aproveitam para se descalçar e tentar aquecer os pés encharcados, recorrendo a sacos de plástico gentilmente cedidos pelo Humberto, que por momentos ficou baralhado com a solução mas logo se lembrou que chegou a pôr plásticos no peito para aquecer quando andava à chuva. Mas o Grande Humberto não só disponibilizou os requisitados plásticos como atirou para a mesa, cinco belos pares de peúgas de cor preta vindos do seu guarda-roupa. Pretas, pois o Humberto não é gajo para usar meia branca com raquetes.
Conta paga e seguimos viagem. Agora com piso à maneira, e umas subidas de primeira categoria pelo interior de Unhos, com a população a admirar-nos de queixo caído junto das portas das belas residências que por ali existem.
O caminho de regresso não tem grande história, a menos que….
Já na Expo junto aos afamados vulcões de água, o João Alves decidiu novamente meter-se com os pavimentos de madeira. Adivinhem quem ganhou?
Claro o pavimento de madeira que ele fez questão de abraçar veementemente.
Agora sim com a teimosa companhia do aliado vento lá fomos palmilhando quilómetros. Despedimo-nos do Julio em Santa Apolónia, do Seabra em Belém, do Alves em Algés, e eu do Santos em Santa Catarina.
E lá chegámos todos a bom porto com o peso da lama às costas, sendo que alguns ainda passaram pelo Elefante Azul para um banho de alta pressão.
Contas feitas, foram 75Kms com uma média aproximada de 20kms/h com diversão à farta.
Espero que tenha sido uma boa pré-época para o João Alves que nos deu o agrado da sua sábia companhia nesta aventura.
http://www.gpsies.com/map.do?fileId=dxfhusazubpxdmoa
Prá semana há mais!
F-A-B-U-L-O-S-O R-E-L-A-T-O !!!!!
ResponderEliminarNo entanto, esqueceste-te de referir um pequeno pormenor: o primeiro valente tralho da Trilogia do Tralho [realização do mestre Alves!!]. Enquanto tu, na Expo, insistias em colocar câmaras-de-ar furadas gentilmente cedidas pelo Barata, o mestre Alves protagonizava um violento acidente de que saíram vítimas ele, a cannondale e um pobre almeida que tratava tranquilamente da limpeza do Parque Expo e levou literalmente com a bina em cima....."é pacífico.."
Mais uma Pérola da Literatura de Viagens! Não tarda e temos o "Viagens na minha Terra - Capitúlo 2 - a saga continua", provávelmente com a "Joaninha" esmagada num qualquer pneu BTT com dois quilos de barro em volta!...
ResponderEliminarImporta esclarecer que no Trancão se travou uma autentica batalha entre o homem e o barro, onde periodos de autentico bailado, culminaram em aterragens mais ou menos desamparadas, e que os pedais técnicos, passaram de peças ligeiras, a batelões carregados de barro imprestáveis para as tarefas que lhe são designadas. Cá para nós até foi melhor não prenderem os pés!...Siga!
Grandes e ineditas imagens do ja mitico humberto!!!
ResponderEliminarUma lenda viva...