A emoção era muita! O Santos (isto de falar na 3ªpessoa é giro), não dormiu em condições, com a expectativa do encontro com o gigante que em tempos idos não conseguiram domar, ainda atormentado pelo ruído da corrente do Manços (já na altura companheiro de lides), a escaqueirar-se após 500m de suave subida…
Adiante! Depois da recolha atempada do nosso “mui” ilustre Presidente (aqui reverenciado em maiúscula e itálico), chegámos à vila património mundial, Sintra de seu nome, que jazia adormecida aos pés do maciço montanhoso que estávamos prestes a desafiar. Quem não dorme certamente é o Seara, que instituiu parques pagos em todo o lado mesmo ao domingo, e quando debatíamos o modo de contornar a questão, surge impaciente o Seabra (não confundir com o outro o Seara), já em “pulgas” na sua bina, que se tivesse motor rugiria certamente em escape livre, referenciando o último reduto em pleno centro da vila onde o parqueamento é à “pala”.
Estávamos a preparar o equipamento em amena cavaqueira quando inexplicavelmente surge o Barata com uma pontualidade que ainda não tínhamos presenciado! Espanto controlado, e lá partimos, não sem primeiro o Santos ser brindado com alguns comentários ao seu belo calção de lycra, usado em homenagem aos ausentes que os usam e que os cobiçam!...
Direitinhos ao centro da vila, cheirámos as magníficas queijadinhas da Sapa, logo a seguir ao edifício da Câmara Municipal, passando muito perto desse magnifico e reverenciado templo de culto que dá pelo nome de Piriquita e fabrica os melhores “travesseiros” de Portugal e arredores, começando logo a trepar em direcção ao Hotel Tivoli em Seteais. Junto a esta unidade hoteleira de FIVE STARS, começou a desenhar-se o cenário que iria ser decorrente durante todo o percurso; três almas “desabridas” lá muito à frente no jogo da “minha é melhor que a tua”, e o Santos na cauda, muito comprida por sinal, em primeiro lugar com problemas mecânicos (isto é o que dá entregar a sua bela máquina ao cuidado de amadores autoproclamados técnicos), e depois a dificuldade em manter o sincronismo entre a sua teimosa vontade e a ausência de colaboração das suas pernas.
Passa-se ao largo de Galamares, em subida interminável rodeada de quintarolas de gente menos mal na vida e uma paisagem de cortar a já pouca ou inexistente respiração do morto vivo do Santos que teimava em combater a nega que as pernas lhe davam em permanência, insultando-o por não ter ficado a ronronar na cama mais umas horas.
Em ponto alto e de vistas magníficas, primeiro ponto de reagrupamento, onde alguns elementos optaram por eliminar líquidos supérfluos, primeiro dos vários reagrupamentos do dia para recuperar o quarto elemento do trio.
Recomposto, e visivelmente com melhor aspecto lá deu inicio às hostilidades, e partiu sobranceiro em direcção ao palácio da pena, tendo direito aos seus 500m de glória, único momento do dia em que saboreou o facto de ser a frente do pelotão, para logo ser mais do mesmo, corrente aos saltinhos; mudanças a falhar, e as pernas a mandarem tudo à Me… (intervalo para compromissos comerciais), e lá chegou a mais um cruzamento no meio da serra onde o grupo o esperava para as já populares fotografias de família.
Depois foram algumas descidas desvairadas, e um ou dois cruzamentos à pinha com grupos de viciados do pedal que se encontravam vindos de todo o lado e mais algum. Penso que se levantasse-mos uma pedra o mais provável era encontrar um ciclista em vez dos pachorrentos caracóis.
Junto ao acesso em paralelo para o Palácio da Pena, o Barata, trepador nato, visivelmente preocupado com o Santos (que o estava a atrasar), disse-lhe que podia optar entre sofrer mais um pouco ou descer logo para a vila e esperar calmamente na esplanada pelo trio maravilha! Aqui o Santos (provavelmente já da cor da sua camisola) disse que tinha de subir, pois tinha de honrar o patrocínio.
Foi o cabo dos trabalhos subir aqueles metros intermináveis, com corrente a saltar cãibras violentas (como nunca tinha sentido) ouvindo ainda uns italianos comentar que a subida era “molto difficile”!! quando a bicla já ia pela mão…e chegados ao palácio, o cenário desolador da não existência de quiosque para tomar a tão desejada MINE.
Depois foi a vertiginosa descida até S. Pedro em estrada de paralelo, a comer o fumo de escape de um monumental Mercedes guiado por uma loira, que não sabia que lhe fazer em estrada tão estreita e sinuosa com dois melros de bicla a quererem ultrapassá-la. Só o Seabra e o seu guiador de 560mm, que ele insiste em chamar de volante, conseguiram passar ao lado do Mercedes.
E lá terminou o passeio, regado com a bela mine num café junto à estação, sob o olhar estupefacto de alguns ciclistas muito pró, que ainda desconhecem os benefícios hidratantes da cerveja, e nos apelidam de loucos.
Enfim rebeldes talvez, porque loucos são todos um pouco, manifestam-se é de modo diverso. Assim termino o relato de mais uma aventura do Trio; mas afinal ainda havia outro que sempre chegou ao fim, e mais dois que não compareceram à chamada…
A Imagem do Dia!...
FABULÁSTICO....
ResponderEliminarO Grande Santos nunca desilude.
Quer na teimosia, que como se comentou é uma fonte de energia inesgotável, quer na qualidade literária que imprime aos seus relatos coloridos dos nossos passeios.
Tal como o JC, tarda mas não falha!
Grande Djon!!!
ResponderEliminarA criatividade do arquitecto ao serviço da obra literária!
E já sabes a receita: sair de casa com o mínimo do estômago e, quando a fome aperta, já estamos nós sentados no Humbeto ou equivalente!!
Até amanhã camarda!
Santos ao seu melhor nível. Fico satisfeito por ver que tenho um "cauda" à minha altura...
ResponderEliminarSr. Palma não se esqueça que para ser "cauda" tem de se alinhar no pelotão...
ResponderEliminarAh pois é!